domingo, 17 de fevereiro de 2008

Um olhar descomprometido sobre a morte

É um imperativo “olhar a morte” de forma natural, e, consequentemente, talvez por pretensiosismo adultocêntrico, procurar inverter a visão que se tem sobre ela, tanto o mais quando a Psicologia sistematicamente nos conduz para os efeitos secundários sentidos por qualquer ser humano, mais ou menos sensível, quando confrontado com a perda de alguém que lhe era particularmente próximo ou simplesmente porque a morte se antecipou.
José Eduardo Rebelo, no seu livro Desatar o nó do luto, considera que a nossa relação com a morte depende de uma perspectiva de desenvolvimento psicológico, pelo que “no início da vida, desconhecemo-la; mais tarde, temos dificuldade em atribuir-lhe um significado; na adolescência, quando queremos vincar a nossa personalidade, desafiamo-la até; enquanto adultos, tentamos ignorá-la; e, na velhice, preparamo-nos para ela.” (2006:29).
No entanto, aquilo que considero fundamental é que não podemos relegar o conhecimento e a aceitação da morte ao estádio da velhice, porque tal se traduziria, certamente, no desenraizar dos indivíduos daquilo que são as suas referências sociais, culturais, bem como as diferentes manifestações e comportamentos que o definem na sua relação com a morte.
Atendendo às motivações pessoais a principal razão que me conduziu a este tema, ou melhor, a esta curiosidade, foi, sem querer tropeçar num “lugar comum”, as sucessivas experiências pessoais que foram despoletadas pela doença e consequente morte precoce da minha Mãe. É sempre precoce quando se trata de alguém com a qual mantínhamos uma proximidade física, afectiva e até axiológica...

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