sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Aos meus Pais...

Ao meu Pai, eterna referência em força, honestidade e solidariedade, valores a partir dos quais procuro pautar as minhas acções. Homem de vida difícil desde a sua infância, e que conheceu, desde cedo, o que era a fome, o trabalho árduo e o afecto ausente dos adultos. Por isso o amo, o admiro e tudo o que faço, faço-o como ele o faria em circunstâncias iguais. Agradeço também por ele a morte da minha Mãe, pois permitiu desde então conhecê-lo e reconhecer facetas de que já me tinha esquecido. Tornou-se ainda mais importante na minha vida e o oxigénio dos meus valores… já não poderei ver as suas lágrimas a caírem-lhe do rosto ao ler estas palavras que revelam os sentimentos que por ele o meu coração alimenta. Papá, para mim não morreu, apenas partiu antes de mim... Amo-o imensamente!
Mamã?!... Bem sei que não poderás responder-me numa linguagem que todos entendam, mas sei que o estás a fazer. O pensamento e o coração estiveram sempre presentes na tua ausência, ainda que direccionados para o presente e para o futuro. Por isso hoje eu agradeço a Deus a tua ausência, porque sem ela eu não teria sido capaz de ser quem hoje sou, e de olhar para ti como hoje eu olho. Perdi a tua presença física, os teus afectos e carícias, a tua voz doce, mas todas estas atitudes estão hoje ainda mais próximas do meu coração, da minha alma e em tudo aquilo que eu faço. Agradeço a Deus a tua ausência e a forma como ela aconteceu, as pessoas que envolveu, pois não estaria hoje aqui, forte… não procuraria com ela eu própria aprender a viver com o morrer, mais ainda quando este morrer é de alguém que amamos e nos parece tirar a vontade de voltar a viver. Hoje vivo intensamente e todos os dias Lhe agradeço por estares comigo desta forma, que permitiu conhecer-te melhor como Mãe e mulher.

1 comentário:

Cativa disse...

encontrei o teu blogue por acaso ... esta tua publicação atingiu me particularmente, atingiu me porque também eu perdi a minha mãe cedo e posteriormente meu pai ... cedo demais para uma criança de 9, cedo demais para um adulto de 26 ... e sim, hoje sou quem sou por tudo isto e muito mais. No meio da tristeza da perda tenho uma alegria/gratidão infinitamente maior pelos fantásticos seres humanos que a vida me abençou. Tudo de bom para ti ;)